terça-feira, 8 de março de 2011

De A a Z: Ágora ou Alexandria

image
Dirigido por Alejandro Amenábar
Carl Sagan, na obra “Cosmos” escreve sobre Hypátia, cuja vida é retratada no filme Ágora ou Alexandria:
"Hipátia distinguiu-se na matemática, na astronomia, na física e foi ainda responsável pela escola de filosofia neoplatônica - uma extraordinária diversificação de atividades para qualquer pessoa daquela época. Nasceu em Alexandria em 370. Numa época em que as mulheres tinham poucas oportunidades e eram tratadas como objetos, Hipátia moveu-se livremente e sem problemas nos domínios que pertenciam tradicionalmente aos homens. Segundo todos os testemunhos, era de grande beleza. Tinha muitos pretendentes mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria do tempo de Hipátia - então desde há muito sob o domínio romano - era uma cidade onde se vivia sob grande pressão. A escravidão tinha retirado à civilização clássica a sua vitalidade, a Igreja Cristã consolidava-se e tentava dominar a influência e a cultura pagãs."
Tal foi a vida de uma das mulheres que a história oficial não contou, mas também não conseguiu apagar.
No ano 355 d.c.  nasce, na cidade de Alexandria, no Egito,  Hipátia. Fundada por Alexandre, o Grande e administrada pelo Império Roman a cidade era um importante foco de cultura. Seu pai, Theon, era diretor do Museu de Alexandria e com ele trocava idéias sobre matemática e astronomia. As conferências e palestras de Hípátia cativaram especialmente a Orestes e outros discípulos que viriam a assumir altos cargos na cidade.
A cidade tinha como cidadãos, vivendo em harmonia, os cristãos, os judeus e os pagãos.  No entanto, uma série de eventos  desencadearam mudanças que abalaram a história local e mundial, e é a isto que o filme tenta responder, ou seja, sob que circunstâncias, Hipátia, mulher de 60 anos, matemática, astrônoma e filósofa tão solene, foi morta tão violentamente por cristãos, no ano 415?
    image
O argumento foi escrito pelo próprio Alejandro e por Mateo Gil. Com duração de 126 minutos, a personagem central é a figura de Hipátia (interpretada pela atriz londrina, Rachel Weisz). A música magistral é de Dario Marianelli. O cineasta alcançou ótimo resultado para um contexto tão distante. Evitou ao máximo a utilização de imagem digital e queria da figurinista Gabriella Pescucci, um guarda-roupa que diferenciasse com facilidade os grupos envolvidos no drama: cristãos, judeus e alexandrinos.
     Devido a todas as dificuldades dos filmes históricos, estes dificilmente agradam aos mais exigentes. Além do que uma grande armadilha para o público em geral, é tentar compreender um fato histórico segundo o prisma do tempo em que vive. É preciso considerar o contexto da época e um certo grau de liberdade do cineasta, que optou em dar ênfase no amor platônico do discípulo e do escravo de Hipátia.
O modo com que a história é contada é deveras doloroso, porém, é sempre o incômodo que move o mundo e as reflexões. No dia internacional da Mulher poderíamos nos perguntar: o que siginifica o conceito de mulher? O que significa o conceito de mãe? E o que significa o conceito de igualdade em sociedades machistas?
Sugerido para estudantes do Ensino Médio e adultos em geral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário