quarta-feira, 30 de março de 2011

De A a Z: ABUTRES (Carancho)

 

 

image Dir. Pablo Trapero

Na Argentina, mais de 8.000 pessoas morrem em acidentes de trânsito a cada ano. Assombrosamente, porque ainda me espanto com coisas do tipo, por trás de todas essas tragédias existe uma máfia por prêmios de seguros e suas brechas legais. Sosa (Ricardo Darín) é um advogado que vive em hospitais públicos e delegacias em busca de potenciais clientes. Luján (Martina Gusman) é uma jovem médica que trabalha na emergência por falta de opção. Quando Luján está tentando salvar a vida de um homem que Sosa considera ser um cliente em potencial os dois se encontram e parece que algo mudará em suas vidas, mas a máfia não deixa ninguém se meter em seus negócios.

O triste do filme não são somente as cenas ou as situações vividas pelos personagens, mas a realidade vivida por todas as pessoas que moram em países regidos pelo direito e que seguem na direção da cultura capitalista do “ter para ser”. Trocando em miúdos, o direito, ou, as leis, são escritas uma vez e interpretadas para sempre, até que alguma coisa mude e faça a mudar, já que ela vem estabelecer regras para o que existe e não pode prever sanções para o que não há e, por isso, na maioria das vezes não trabalha com prevenção. Deste modo, a título de exemplo, um simples direito do cidadão como seguro contra acidentes de trânsito torna-se fonte de enriquecimento pela via corrupta, mas legal - no sentido da forma jurídica-  para alguns indivíduos. 

Os advogados são necessários para intermediar as relações entre o poder público e o privado, entre o indivíduo e os poderes, e entre indivíduos, assim, de posse e de direito de informações preciosas os advogados cooptam as vítimas dos acidentes e se aproveitam de sua simplicidade e, ou ignorância para “abocanhar” o que lhes caberia frente a uma situação de direito.

Você sabia que aqui no Brasil, todos os anos, os proprietários de automóveis são obrigados a pagar um tributo chamado Seguro Obrigatório, mais conhecido como DPVAT.

“Este seguro indeniza vítimas de acidentes causados por veículos que têm motor próprio (automotores) e circulam por terra ou por asfalto (via terrestre). Observe que nessa definição não se enquadram trens, barcos, bicicletas e aeronaves. É por isso que acidentes envolvendo esses veículos não são indenizados”.

“Você mesmo dá entrada nos pedidos de indenização e/ou de reembolso. O procedimento é simples, gratuito e não exige a contratação de intermediários. Basta juntar a documentação necessária e levar ao ponto de atendimento mais próximo”. http://www.dpvatseguro.com.br/conheca/oquee.asp

O que ocorre é que as pessoas, no geral, deconhecem seus direitos, e na maioria dos casos estão fragilizadas demais para pensar nisso. É quando os “abutres” entram em ação a pretexto de ajudar,e lucram, de maneira exorbitante, em cima do descaso do estado de direito. Médicos, policiais, enfermeiros, advogados, são muitas as ramificações que envolvem esta e outras maneiras de praticar a corrupção e se beneficiar com o sofrimento alheio.

image

Apesar de ser argentino, o filme retrata um sentimento único e globalizante, rs…a corrupção crescente em estados de direito como os nossos.

P.S. Já assitiram“Obrigado por Fumar”? – falo sobre este no próximo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

De A a Z: A Ponte

 

 

image

Esta bela imagem é de um dos mais famosos pontos turísticos do mundo, a ponte Golden Gate, cartão postal do estado da Califórnia, nos EUA, que liga a cidade de  São Francisco a  Sausalito, na  região metropolitana de São Francisco. É uma das mais conhecidas construções dos Estados Unidos, e é considerada uma das Sete maravilhas do Mundo Moderno pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis.

Em seu entorno praticam-se muito esportes. A vida parece pulular em seu esplendor, no entanto,  o documentário, A Ponte, não trata dessas belas imagens da vida, mas de outras tantas que para muito parecem terrivelmente obscuras, contra a natureza, já que se trata de algo contra a vida, o suicídio.

Assim, como tantas outras, esta imagem nos engana. Toda a beleza e opulência são, também, o retrato do desespero causado por este mesmo mundo que exalta e celebra o moderno e o pós moderno.

image

O documentário é um retrato do desespero humano feita por uma equipe comandada pelo cineasta americano Eric Stell durante o ano de 2004. Foram registradas aproximadamente duas mortes por mês. Eric, com um rádio nas mãos, avisava as autoridades o que tinha acabado de testemunhar.

São cenas tristes, depoimentos de amigos e familiares.  O cineasta parece tentar  compreender as razões que levaram centenas de pessoas, entre 20 e 70 anos, a pular de uma altura de 130m até o mar.

image

O longa de 93 minutos traz à tona o lado desesperado de quem está tentando se enquadrar no padrão de normalidades de nossas sociedades. O que leva algumas pessoas buscar tão triste fim? Como parentes e amigos lidam com tais tragédias? O suicídio é realmente “o fim” das angústias e das tristezas?

Recomendado para adultos.

Para os jovens sugiro uma reflexão, que também é uma reflexão filosófica:  como se deve levar a vida, e como nos vemos nela a partir de nossa individualidade, mas levando em consideração o bem estar social, ou seja, cada um tem seu estilo, e tudo bem,  mas a vida tem todos.

Deve ser por isso que considero que o padrão não serve!

domingo, 13 de março de 2011

De A a Z: Utopia e Barbárie

Este documentário dirigido por Sílvio Tendler tira o fôlego na hora do debate. Debate no sentido mesmo de luta oral, porque não há como ter diálogo quando o próprio conceito pressupõe a igualdade entre as partes mas as partes não concordam.

image
Ora, na discussão política, ou seja, que diz respeito à Pólis, à cidade, ao espaço público e à opinião pública, para  os chamados esquerdistas, ou comunistas e afins, a sociedade deve servir-se comumente dos bens, sejam naturais ou não, o que pressupões igualdade… porém, este lugar onde todos são tratados como iguais significa, para outros tantos, os chamados direitistas ou neoliberais e afins, “utopia”, já que para estes as pessoas não são iguais e almejam coisas diferentes, o que justificaria, por isso, a utilização de meios “bárbaros” para calar o lado adversário, porque lembremos, aí não há diálogo.
Esquerda, direita, pra frente, pra trás, tudo isso não passa de nomenclatura para deixar clara a posição que se toma perante assuntos públicos, vale lembrar. Porém, como é elegida esta nomenclatura? Quem as elegeu?
A proposta de Sílvio Tendler é de uma revisão sobre os eventos políticos e econômicos que, desde a 2ª Guerra Mundial, elevaram o risco do desaparecimento dos sonhos de igualdade, justiça e harmonia  esquerdista.  Trata-se de documentos dos mais variados, depoimentos, imagens e lembranças de pessoas que compartilharam, por algum tempo, ou ainda partilham, a posição sócio –política definida como de esquerda.
image
E por que tanto barulho dos chamados de direita frente à este documentário? A chamada história oficial omite estas memórias por quê? Um exemplo: se ouvimos falar sobre a Guerra do Vietnã todos saberemos do que se trata né? Ok, e se ouvirmos sobre a Guerra dos EUA, saberíamos do que se trata? Pois foram os Norte americanos que invadiram o Vietnã e não o contrário, então, por que admitimos e não questionamos esta nomenclatura que invade e se acomoda em nossa memória? Por que os livros didáticos omitem fatos que fazem parte da memória de uma parcela da população e que poderiam, ao serem mencionadas, mudar o modo com que percebemos o mundo em que vivemos? Tal é o caso de um filho adotivo que quer, um belo dia, conhecer seus pais biológicos… Há fatos que mudam o olhar e o caminho das pessoas…
Direita ou Esquerda o fato é que vivemos em uma Democracia e todos tem o direito de falar e expressar memórias e sentimentos…
No documentário há depoimentos de várias figuras interessantes e importantes no meio cultural brasileiro, tais como:
Augusto Boal, Cacá Diegues, Dennys Arcand, Tom Zé, Ferreira Gullar, Zé Celso Martinez, entre outros.
Vale muito ver, afinal, história oficial todo mundo teve na escola, rs.
Indicado a partir dos 15 anos de idade.

terça-feira, 8 de março de 2011

De A a Z: Ágora ou Alexandria

image
Dirigido por Alejandro Amenábar
Carl Sagan, na obra “Cosmos” escreve sobre Hypátia, cuja vida é retratada no filme Ágora ou Alexandria:
"Hipátia distinguiu-se na matemática, na astronomia, na física e foi ainda responsável pela escola de filosofia neoplatônica - uma extraordinária diversificação de atividades para qualquer pessoa daquela época. Nasceu em Alexandria em 370. Numa época em que as mulheres tinham poucas oportunidades e eram tratadas como objetos, Hipátia moveu-se livremente e sem problemas nos domínios que pertenciam tradicionalmente aos homens. Segundo todos os testemunhos, era de grande beleza. Tinha muitos pretendentes mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria do tempo de Hipátia - então desde há muito sob o domínio romano - era uma cidade onde se vivia sob grande pressão. A escravidão tinha retirado à civilização clássica a sua vitalidade, a Igreja Cristã consolidava-se e tentava dominar a influência e a cultura pagãs."
Tal foi a vida de uma das mulheres que a história oficial não contou, mas também não conseguiu apagar.
No ano 355 d.c.  nasce, na cidade de Alexandria, no Egito,  Hipátia. Fundada por Alexandre, o Grande e administrada pelo Império Roman a cidade era um importante foco de cultura. Seu pai, Theon, era diretor do Museu de Alexandria e com ele trocava idéias sobre matemática e astronomia. As conferências e palestras de Hípátia cativaram especialmente a Orestes e outros discípulos que viriam a assumir altos cargos na cidade.
A cidade tinha como cidadãos, vivendo em harmonia, os cristãos, os judeus e os pagãos.  No entanto, uma série de eventos  desencadearam mudanças que abalaram a história local e mundial, e é a isto que o filme tenta responder, ou seja, sob que circunstâncias, Hipátia, mulher de 60 anos, matemática, astrônoma e filósofa tão solene, foi morta tão violentamente por cristãos, no ano 415?
    image
O argumento foi escrito pelo próprio Alejandro e por Mateo Gil. Com duração de 126 minutos, a personagem central é a figura de Hipátia (interpretada pela atriz londrina, Rachel Weisz). A música magistral é de Dario Marianelli. O cineasta alcançou ótimo resultado para um contexto tão distante. Evitou ao máximo a utilização de imagem digital e queria da figurinista Gabriella Pescucci, um guarda-roupa que diferenciasse com facilidade os grupos envolvidos no drama: cristãos, judeus e alexandrinos.
     Devido a todas as dificuldades dos filmes históricos, estes dificilmente agradam aos mais exigentes. Além do que uma grande armadilha para o público em geral, é tentar compreender um fato histórico segundo o prisma do tempo em que vive. É preciso considerar o contexto da época e um certo grau de liberdade do cineasta, que optou em dar ênfase no amor platônico do discípulo e do escravo de Hipátia.
O modo com que a história é contada é deveras doloroso, porém, é sempre o incômodo que move o mundo e as reflexões. No dia internacional da Mulher poderíamos nos perguntar: o que siginifica o conceito de mulher? O que significa o conceito de mãe? E o que significa o conceito de igualdade em sociedades machistas?
Sugerido para estudantes do Ensino Médio e adultos em geral.

sexta-feira, 4 de março de 2011

De A a Z: Habana Blues

 

image Dirigido por Benito Zambrano

Esta é uma história como tantas outras histórias de pessoas que vivem e sonham em Cuba. Aqui trata-se de jovens músicos cujo sonho além de viver da música e para a música é poder ir e vir quando e para onde quiserem.

image

Quem conhece a cultura cubana sabe que nada lhes faltam em termos do necessário, porém, a questão da liberdade sempre fala mais alto quando se está preso de alguma forma. Não importa, quando nesta situação,  quem está certo ou errado, o que importa são as possibilidades que não são acessíveis. Assim, quando se tem, talvez,  uma  única chance de mudar a situação, uns não pensam duas vezes, enquanto outros titubeiam e abrem mão dessa suposta liberdade.  É o caso de Ruy (Alberto Yoel) e Tito (Roberto Sanmartín). Enquanto preparam seu primeiro grande show descobrem que dois produtores espanhóis estarão recrutando talentos cubanos para levar para a Espanha.

Qual é o preço desta liberdade tão almejada? O que vem a ser liberdade? E as escolhas dependem do que? Do que se abre mão quando se quer algo?

O filme mostra jovens talentos que atuam e fazem um som maravilhoso!! A dupla principal é fantástica e a trilha sonora é de arrepiar. Vale assitir em família, para descontrair, mas também é um ótimo filme para sala de aula do EM, onde os temas liberdade  e política  são quase sempre os mais relevantes.

Ah, não posso deixar de citar a letra da música do Titãs que vislumbra o anseio de muitos jovens pelo mundo, mas também, e principalmente, daqueles cuja “liberdade” é cerceada por convicções políticas, partidárias e ou religiosas.

“Não sou brasileiro, não sou estrangeiro… eu não sou de nenhum lugar, sou de lugar nenhum… eu não sou de São Paulo, não sou japonês, eu não sou carioca, não sou português, eu não sou de Brasília não sou do Brasil, nenhuma pátria me pariu…”. Nenhum Lugar

terça-feira, 1 de março de 2011

De A a Z: Rio da Lua (Water)

 

image Dir. Deepa Mehta

Belíssimo filme! Triste e belo! Revoltante, talvez…com uma trilha sonora magnífica e uma fotografia tão boa quanto.

O filme conta a história de uma menina (Chuyia) que aos oitos anos de idade, já é viúva. E nunca conheceu o marido, já que quando casou-se era muito pequena. De acordo com a tradição ela é enviada para a casa das viúvas, onde  são obrigadas a ficar, isoladas da sociedade, até o final de suas vidas, sem que possam voltar a casar. Lá, a pequena conhece Kalyani, uma bela e jovem mulher de quem se torna amiga. Kalyani ousa desafiar as rígidas regras apaixonando-se por um jovem com quem pretende casar-se, mas a tradição, e a corrupção que a sustenta, levam a jovem para outro caminho, determinando também o destino de Chuyia.

Penso que a Cultura não é algo que se deva fixar. Qualquer tradição, embora mantenha unido um povo, um grupo, não permite o novo e se destina à morte: ou a morte de si própria ou a morte de seus seguidores que vêem-se amarrados por cordas frágeis e mortais. Tradição e autoridade só existem se nós as reconhecemos como tal, quando não, devem ser mudadas.

De acordo com o Senso de 2001, na Índia, há mais de 34 milhões de viúvas. Muitas continuam vivendo nas condições de privação social, econômica e cultural, determinadas dois mil anos atrás pelos textos sagrados hindús de Manu.

“Uma viúva deve sofrer

ser moderada e casta.

Esposa que segue a casta após a viuvez vai para o paraíso.

Uma mulher infiél renasce no útero de um chacal”

Leis de Manu, capítulo 5, versículos 156-161.

Indicado para adultos (só porque é legendado - minha filha de 9 anos assistiu e dormiu por causa disso). Vale também pela reflexão acerca da cultura e das tradições.

Lembro-me da canção do Tom Zé, Senhor Cidadão:

“Senhor cidadão, senhor cidadão, com quantos quilos de medo se faz uma tradição…senhor cidadão, senhor cidadão,  a tesoura no cabelo também corta a crueldade…”

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De A a Z: Taare Zameen Par

 

image Dirigido e Produzido por Aamir Khan

No ano de 2009 o Festival Internacional de Cinema ganhou parte de uma causa, que foi a de trazer os filmes Indianos para o público brasileiro. A vitória se deu no Estado do RJ e a semente foi plantada graças ao interesse de alguns poucos em detrimento do interesses de muitos outros. Graças a uma luta a favor de algo temos em semente a possibilidade do novo.

Não bastasse a luta a favor da mostra indiana, houve também a polêmica com relação à tradução do título Taare Zammen Par.  Para uns “Somos Todos Diferentes”, para outros, “Toda criança é especial”. E há quem diga (eu que sou ignorante no assunto não tomarei partido, por enquanto), “Como estrelas do céu”. Realmente parece que faz mais sentido! Não importa! Importa é saber que alguns brasileiros da área da Educação (pais e professores) tiveram acesso à esta obra singela e profunda, com tanta aspereza e delicadeza ao mesmo tempo, capaz de fazer comover com  nossa estupidez em não perceber o ranço social que permeia nossas ações. Aquele cheiro que mostra que a coisa está pronta para ser jogada fora, mas sem jogar fora a bacia do bebê, rs.

Aamir Khan, além de ser o jovem professor do filme, é também o diretor e produtor do mesmo. Enfim, em todos os sentidos, muito belo!

O filme conta a história de um menino de 8 anos que está com problemas na escola. Vários problemas, aliás, não só com os professores, mas com os colegas e com a família. Tudo ocasionado por uma disfunção denominada dislexia. Por que disfunção? A resposta simples seria, porque não está exercendo a função que deveria. Há algum problema, ainda muito estudado, que faz com que algumas pessoas tenham dificuldades para ler, escrever, interpretar, e portanto, compreender, relaconado a um aspecto da linguagem.

http://www.dislexia.com.br/

image

Tudo estaria tranquilo se não houvesse uma completa confusão quando “profissionais” da educação e pais não percebem tal dificuldade.

Crianças são agitadas mesmo, são atrapalhadas mesmo, e como haveria de ser diferente? Estão crescendo, tudo aparece e parece tão mágico, tudo é tão grande, tão longe…assim, para algumas, o aprender se faz com música, para outras, a pela palavras falada, para outras tantas, pelo gesto, e então, pelo desenho, pelo teatro, pelo texto, pela imagem, pelo toque…O cérebro é maravilhoso e necessita ser estimulado sempre, e em todos nós, e é isso que a nossa instrução deveria aguçar. Mas, não…ainda temos os mesmos métodos, os mesmos argumentos, as mesmas metas a cumprir…embora as crianças não pareçam mais as mesmas, agora, têm  direitos pelo menos. Saber distinguir a manha da artmanha é de muita importância, principalmente para garantir uma geração mais tolerante, mais criativa, mais amável.

Esta relação comum entre professor e aluno, educador e educando (como quiserem) é mais profunda e importante do que julgam, atualmente, e este filme mostra bem a diferença entre uma (aquela educação que desacredita o poder desta relação) e outra (aquela que acredita no poder da relação), e o poder desta relação capaz de construir ou destruir qualquer coisa boa que o ser humano tenha para oferecer a si mesmo e aos outros.

image

Que tipo de seres humanos queremos ter daqui 2 anos, 10 anos, 20 anos…não é tanto tempo assim, estaremos vivos para ver isso (guisá), e dependeremos, de alguma forma, quando já estivermos senis, de toda a sua gentileza e generosidade. Que homens serão estes? Que mundo estamos criando para daqui 10 anos? Que possibilidades estamos gerando?

Esta é a reflexão proposta por este filme, uma reflexão acerca dos modelos, dos parâmetros que escolhemos para delinear nossas vidas, e de como fazemos isso, às vezes, sem perceber, por “força do hábito”.

Outros filmes tentaram, mas este conseguiu.

Um filme INDICADO PARA TODOS.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De A a Z: As Pontes de Madison

 

image Dirigido por Clint Eastwood

Aff, chorei litros com este filme…

O filme começa com a revelação da vontade de uma recém falecida (Francesca, interpretada por Meryl Streep) através de seu advogado: ser cremada e que suas cinzas sejam jogadas em determinada ponte. Indignados, seus filhos passam a buscar informações da mãe que justifique sua insanidade, já que seu pai havia comprado dois jazidos,  porém, o que encontram são cartas da mãe destinadas a eles, não só explicando seu último desejo, como revelando o mote de sua vida.

Francesca vivia na pacata cidade de Iowa  com seus dois filhos e marido. Um casamento de mais de 15 anos. Uma vida de “detalhes” interrompida por 4 dias, vivificada e intensificada por causa desses 4 dias.

O que aconteceu nestes 4 dias? Na ausência de sua família, Francesca, sozinha em seu sítio é surpreendida por um visitante, um fotógrafo da National Geographic (interpretado por Clint Eastwood) que tem como “missão” fotografar as pontes cobertas da cidade. Perdido, ele pede informações a ela, que se oferece para leva lo. Juntos, dividindo as experiência e vivências, expectativas e sonhos, descobrem-se e revelam-se. No entanto,  este encontro chega a cabo no 4º dia, quando a família de Francesca retorna da exposição de animais, da qual seu porquinho sai vitorioso, trazendo de volta à Francesca sua “vida de detalhes”.

image

Os diálogos ricos trazem reflexões acerca da moral estabelecida que merecem ser explorados. A questão da família, do casamento, das relações em geral, são temas que permeiam o romance lindo e triste vivido e experimentado tardiamente por esta mulher que se menosprezara, que se diminuira diante da vida, e que é fortalecida por este amor “proibido” e inexperado.

As cartas de Francesca ajudam os filhos, já adultos, a entender seus próprios relacionamentos, e por fim, a compreender e aceitar seu último desejo.

Vale assistir a dois, a três a muitos, mas mais interessante ainda é assitir quando se tem mais de 30 anos, rs… Uma lição de vida, de dedicação, de amor e cumplicidade.

Lindo, lindo, lindo…

sábado, 12 de fevereiro de 2011

A Favor da Natureza

Conheça alternativas charmosas que colaboram com a preservação do meio ambiente

Fonte: Construir Casas Ecológicas, Edição 02


Ver galeria de fotos

Em tempos em que o uso racional de recursos naturais ganha cada vez mais espaço na construção civil, não há nada mais aconchegante do que desfrutar de uma moradia com estrutura de eucalipto, vedação com taipa e reaproveitamento de águas pluviais. “O profissional da área de arquitetura deve levar soluções sustentáveis para as residências buscando preservar o meio ambiente”, acreditam a arquiteta Tatiana Tibiriçá e o engenheiro civil Fernando Machado, do escritório Ipê-Amarelo Arquitetura e Engenharia, localizado em São Carlos, interior paulista.
Resistente e com capacidade de conferir uma rusticidade única às moradias, o eucalipto usado deve ser proveniente de áreas de manejo florestal com extração autorizada por órgãos ambientais e manuseado por mão de obra especializada. “É preciso fazer o estudo do terreno para melhor posicionamento da madeira e evitar a exposição constante à umidade”, alerta José Donizete Ometto, da JDO Construções Rústicas, de São Paulo, SP.
As toras dão o toque especial aos ambientes. A união dos roliços é feita com chapas metálicas embutidas nas colunas ou com pinos. Para garantir a durabilidade evitando o apodrecimento, a arquiteta Marília Richieri, de Campos do Jordão, SP, sugere o tratamento em autoclave.

Soluções inteligentes
Seguindo a onda verde, a vedação com taipa é uma ótima opção àqueles que desejam melhor isolamento térmico. “O recurso utiliza materiais que não apresentam o processo de queima para a produção e o desperdício é praticamento nulo, uma vez que o barro não usado pode ser reaproveitado ou simplesmente incorporado ao solo”, explicam os profissionais da Ipê-Amarelo.
Durante a execução, é fundamental capacitar a mão de obra, utilizar um solo com 30% de argila e evitar que a parede de taipa fique em contato com a umidade.
Outra opção para incrementar e deixar a casa ainda mais sustentável é reaproveitar as águas pluviais. A captação é feita por calhas no telhado e armazenada em uma cisterna. “Com sistema de bombeamento automático, montado com eletroníveis, a água é levada até um reservatório superior. A partir daí, o recurso é distribuído por gravidade para os pontos de consumo não nobres, como vasos sanitários e torneiras no jardim”, detalham a arquiteta e o engenheiro.

Solta no ar
Aproveitando as vantagens oferecidas por tais recursos ecológicos, Tatiana e Machado abusaram dos elementos verdes ao projetar a sedutora casa em São Carlos, São Paulo, SP. “A implantação foi proposta a fim de minimizar a movimentação de terra, privilegiar a iluminação e ventilação naturais e garantir uma bela vista para a área de preservação permanente do bairro”, contam.
Estruturado em eucalipto roliço tratado, o refúgio natural de 258 m² de área construída é um convite ao relaxamento. “Como a edificação é em madeira e apresenta menor carga em comparação às construções em concreto, optamos na fundação por usar sapatas isoladas e associadas”, citam.
O uso da madeira e a vedação com taipa e tijolos de solo-cimento também minimizaram o desperdício de materiais na obra. “O projeto foi concebido com a modulação pré-definida para estrutura em eucalipto, o que facilitou a montagem e reduziu a perda nos cortes das peças”, apontam.
Uma ampla área social recepciona hóspedes e familiares no recanto verde. A integração da sala, cozinha e varanda aproxima os usuários e garante papos descontraídos. Na hora de dar uma cochilada ou embalar longas noites de sono, duas confortáveis suítes recebem os moradores.
“Em harmonia com o meio ambiente, o sistema de aquecimento da água é solar e as torneiras são monocomando, para reduzir o desperdício. Além disso, há reaproveitamento da água da chuva para a irrigação e descargas ”, observam.
Para o piso, os responsáveis pela obra juntamente com os proprietários, desenvolveram um sistema de laje maciça de madeira que, além da função estrutural, serve como acabamento do piso. “O sistema confere bom acabamento e isolamento acústico”, opinam. Na pintura externa e interna, a escolha foi pela caiação por possibilitar o “respiro” das paredes de terra crua. No exterior, foram utilizadas pedras extraídas do próprio local aliado ao uso de concreto. “Procuramos reduzir os consumo de materiais e energia embutida, não só durante a construção, mas também pensando na vida útil desta residência”, concluem.

Área construída: 258 m²
Localização: São Carlos/SP
Ilustração: AC Design

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De A a Z: A Festa da Menina Morta

image Direção Matheus Nachtergaele

 

Polêmico…o filme retrata a condição de vida simples em um vilarejo no alto Amazônas e a riqueza produzida pelo sincretismo religioso presente. Diante de alguns farrapos e das palavras de um benzedor todas as diferenças se esvaem, todos se unem na fé.

Os atores surpreendem com suas atuações. Eu mesma fiquei boquiaberta com a interpretação do ator Daniel de Oliveira (Santinho). De corpo e alma no papel de um jovem Benzedor amado e temido pelo povo e, por isso, capaz de uni los em suas diferenças.

Cenas e diálogos inapropriados para passar na escola. O tema é interessante, mas o filme vai além da temática da Fé.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

De A a Z: Maria Montessori: uma vida Dedicada às Crianças

Este filme me deixou com água na boca, com vontade de mais..sabe.  Pioneira e audaciosa Maria Montessori teve uma vida marcada pelas contradições sociais.
Eu tenho conhecimento do trabalho de Montessori porque fui professora em Escolas particulares e conheci alguns colegas profissionais que tinham experiências com o método criado por ela. Muito simples por sinal, mas que também requer uma posição diferente da que o professor tem em sala de aula, e para quem dá aula sabe do que falo. Falo da mudança do que é para o que deve ser.  Falo sobre uma posição de autoridade, imputada sobre as crianças, e não sobre uma autoridade conquistada; falo sobre a carência de um adulto que deseja muito falar (o professor), mas que não sabe escutar os demais (no caso, seus alunos). Maria Montessori propõe que o professor ocupe uma posição de Educador, que é aquele que proporciona a satisfação das necessidades de cada etapa do desenvolvimento do ser humano propondo a eles mesmos  que façam o que precisa ser feito para cada questão colocada, e não aquele que diz “façam isso”, “façam aquilo”. O Educador escuta mais e fala menos, e porque sabe escutar é reconhecido, naturalmente, como a autoridade da classe. Porém, isso requer tempo, porque cada um tem o seu, porém, tempo é o que nos falta, não é mesmo?! Educar, segundo Montessori vai além de instruir. Enfim, o filme mostra a trajetória de uma mulher que fez história, primeiro em um mundo machista, depois em um mundo de pedantes, e hoje, no mundo todo.
O filme e o que eu escrevi é só um recorte, como toda biografia, e por ser ainda mais recorte por se tratar de filme e de um blog, e não de um livro, deixa com muita vontade de mais…

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De A a Z: É Proibido Fumar

 

http://eproibidofumar.uol.com.br

image

Roteiro e Direção: Anna Muylaert

Muito Bom…Conta a história de uma jovem que vive no apartamento herdado da mãe falecida e sobrevive dando aulas de violão. Sozinha, solteira e cheia de manias Baby (interpretada belissimamente por Glória Pires) tem como seu melhor amigo, o cigarro. Problemas inventados, angústias reais e principalmente um comodismo violento a mantém nesta vida medíocre e sem sonhos. Até que uma novidade em carne e osso surge em sua vida: o novo vizinho Max (interpretado por Paulo Miklos). Esta nova relação dá sabor e cor à sua vida, mas coloca em risco sua relação antiga com o cigarro. Entre os encontros de recuperação (fumantes anônimos) e sua nova perspectiva de vida, Baby descobre que a vida não é constituída apenas de inimigos superficiais…

Dei muita risada neste filme…ele é gostoso não só por se tratar de um filme nacional (aliás vale elogiar os filmes nacionais que estão cada vez melhores), mas também por tratar , de maneira inusitada, de um tipo relação muito comum nestas últimas décadas: a relação conturbada (porque de amor e ódio) com o cigarro.

Amar a si próprio significa entender o que faz bem e o que não faz bem para si mesmo e escolher o melhor… mas qual é a melhor escolha? Fumar faz mal, todo mundo sabe, mas faz bem também…. e agora?? Gostar de alguém faz bem, mas faz mal também… e??? O que está em jogo nestas relações??

Bom filme à todos!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De A a Z: YES

 

image Dirigido por Sally Potter

Site Oficial: http://www.yesthemovie.co.uk

Independentemente da intenção do cineasta, que era a de mostrar o tipo de mensagem que deve ser transmitida diante de uma atmosfera de ódio e de terror, o filme vai além. Desde o início.

A princípio temos uma “secretária do lar” conversando diretamente com o expectador, falando sobre seu trabalho e sobre como as pessoas costumam considera la “menos” ou “burra” - acontecimento comum neste tipo de carreira-. O mais interessante é o modo como ela fala de assuntos tão triviais como sugeira … O que consideramos sugeira? E ela pode ser limpa?Vejam o que pensa esta secretária do lar…

Não obstante, o filme mostra uma relação “aberta”que embora individualmente seja de sucesso, em par, naquilo que os confere o nome de casal, a relação está há muito falida -também muito comum e muito omitido socialmente já que casamento desfeito é sinônimo de derrota –. Ela é encontrada, em meio a deveneios, por um garçom libanês que lhe faz elogios e galanteios. Sozinha e carente ela cede aos seus encantos e eles se tornam amantes. Ela, uma cientista respeitada, nascida na Irlanda e criada nos EUA,  ele um médico exilado vivendo como garçom e cozinheiro. Os dois vivem a destruição de seus sonhos, os dois vivem o desrespeito por suas origens…os dois precisam dizer SIM para si mesmos, diante dos muitos NÃOs.

image

Além de  cenas muito sexy e atraentes, o cineasta propõe a exposição dos pensamentos de cada personagem, que fica explícito para o expectador.  E muitos personagens tem voz neste longa lindo e que chama para a reflexão do dia a dia, das diferenças e riquezas advindas destas.

Vale assisitir…

sábado, 22 de janeiro de 2011

De A a Z: A Cor Do Paraíso

image Direção: Majid- Majidi
Lindo filme cuja história emociona e ensina sobre os valores cultivados socialmente.
Mohammad é um menino cego, e por causa de sua deficiência não pode frequentar a mesma escola que suas irmãs. O pai, que é viúvo, procura desesperadamente por uma esposa que o ajude a criar os filhos, já que sua mãe, que é apaixonada por Mohammad, está velha e fraca. Ao arrumar uma noiva, o pai de Mohammad decide que é melhor que o menino fique longe, a pretexto de instruir-se,  para não atrapalhar o novo casamento, o que causa muito desgosto em sua mãe, levando-a a morte.
Muita sensibilidade. A aspereza e a docçura das ações…a fala do corpo e o corpo que fala, nas expressões, nos toques, nos sons que emite…tudo misturado em uma história singela de relacionamento familiar, em específico a própria história, e relacionamento humano em geral, porque é válido para todos já que todos tendemos a classificação: “normal” e “anormal”, “perfeito” e “deficiente”, “bem” e “mal”, “melhor” e “pior” e seus desdobramentos. Qual é o papel da mulher em uma sociedade? Qual é o papel do deficiente? Onde está nossa HUMANIDADE?? E o que vem a ser afinal? Faça como Mohammad, sinta…
Este Filme é uma ótima dica para professores e pais...para todo mundo, claro, mas principalmente para os primeiros.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Culpa é do Clima?

 

Há dois dias, assistindo o noticiário ouvi a seguinte frase de uma “moça do tempo”: “… se continuar chovendo deste jeito a coisa vai ficar ainda pior”. O que ela quis dizer com isso parece óbvio diante as tragédias naturais que temos visto Brasil afora, mundo afora. Mas será que é? Será que as chuvas são responsáveis por tudo isso?

Há muitos e muitos e muitos anos atrás o homem teve que aprender sobre a natureza do meio ambiente que o circunda para poder criar maneiras mais confortáveis para viver, dado que já vivia e, muito bem obrigado, aclimatado à sua região. Com essa vontade de melhorar suas condições de vida o homem criou e inventou muitas e muitas coisas, entre elas muitas e muitas que degradam seu meio ambiente, desde remédios que saem através de nossa urina e fezes (que seria teoricamente 90% - pouco menos  talvez- somente água) até materiais tóxicos que se propõe a auxiliar na agricultura, materiais pesados como os metais, e os de uso doméstico, plásticos, alumínio, etc. Pontes, túneis…casas, carros, navios (onde você acha que os navios armazenam nossas fezes? Eles não armazenam, eles jogam no mar…)Enfim, muita e muita sugeira…O detalhe é que a sugeira cresce cada dia mais em termos de volume, mas o Planeta Terra não tem mais para onde crescer…

image

Á pretexto de uma vida civilizada, com vistas no progresso, os homens produziram efeitos sobre a natureza alterando seu fluxo. E a responsabilidade sobre isso? Responsabilidade sim…não dá para cobrar isso da natureza, dá? De quem cobrar então?O Alerta fora dado há anos atrás por ambientalistas de todo o mundo, mas o que estamos fazendo com relação ao nosso lixo? O que fazemos?

image

Sobre este assunto veja o Filme do Greenpeace “Mudanças do Clima, Mudanças de Vida”. É um documentário triste, mas muito audacioso, e por isso questionado.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

De A a Z: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças


Creio que este seja o filme mais bonito que já assisti  com o ator Jim Carrey. Aqui ele mostra como trabalha bem. A atriz  Kate Winslet fez vários filmes que gostei muito, mas este realmente é demais. Neste, o assunto é realmente sério.
Quem nunca quis esquecer alguma bobagem que tenha feito? Quem nunca quis uma segunda chance para escolher (de novo o tema da escolha)de novo ou do novo?

image Diretor Michel Gondry
Numa época que guisá nunca chegará, a possibilidade de começar de novo é fato, porém, a que preço? Será que esquecer as coisas que fazemos de “errado”, ou apagar uma mancada nossa da cabeça seja realmente uma boa escolha? (Olha as escolhas aí minha gente!!!) Qual o valor da memória? Para que ela serve além de armazenar os dados em nosso hardware? Alguns dizem que o passado é o que faz a gente ser o que é hoje…Outros dizem que o passado é para ficar no passado, e se possível com uma pedra enorme em cima. Não podemos mudar o passado, mas esquece lo é a solução para nossos males mentais? Filmasso super recomendado…principalmente para o trabalho com Teoria do Conhecimento.

domingo, 16 de janeiro de 2011

De A a Z: A Festa de Babette

Duas adolescentes vivem com o pai, um rigoroso pastor luterano, em um pequeno vilarejo da costa dinamarquesa, cujo legado espiritual deixara a elas quando de sua morte. Em uma noite de 1871, bate à sua porta uma parisiense pedindo refúgio: Babette (Stéphane Audran) foge da repressão à Comuna de Paris e se oferece para ser a cozinheira e faxineira da família. Muitos anos depois, ainda trabalhando na casa, ela recebe a notícia de que ganhara uma fortuna numa loteria em Paris. Em vez de voltar à terra natal, resolve ficar e gastar o dinheiro em um autêntico jantar francês que oferece à comunidade, aproveitando para comemorar o centésimo aniversário do pastor. Seu banquete impressionou os convidados. Babette havia sido chef de cozinha francesa e trabalhado no chique Café Anglais (que existiu de verdade). O diretor trata a comida como "forma de elevação espiritual". Baseado na história de Isak Dinesen. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1988.
image Diretor : Gabriel Axel
Muitos filmes tem falado a respeito da culinária, e este é um deles, talvez um dos primeiros a tratar a comida (mas não qualquer comida, feita de qualquer jeito, como costuma-se fazer nos dias de hoje - arroz de microondas, pizza de microondas, bolo de microondas…), como algo que eleva a alma além de alimentar o corpo. O pastor pregava que a comida simples, assim como a vida levada de forma simples agradava Deus e garantia um pedacinho no céu (além da caridade é claro). Por isso as moças não se casaram, não se enfastiaram com as possbilidades atraentes que lhes surgiram e viveram unicamente dando continuidade ao legado do pai. Vosso único “pecado” fora deliciar se, de forma comedida, no banquete oferecido de maneira irrecusável por Babette. Aliás, esta é a parte mais atraente do filme: o Banquete. É engrassado e provocante ao mesmo tempo (visto que dá uma vontade de comer tudo aquilo).
Mais uma vez um filme recheado de escolhas a fazer. Deus seria tão mal assim, a ponto de furtar a seus fiéis as delícias e prazeres terrenos? Enfim, o final poderia ter sido melhor, mas…

De A a Z: “Amores Brutos”

Quem já assistiu Babel, do Diretor Alejandro Ganzález, vai entender o que vou escrever ou descrever. Não que não entenda quem não assisitiu, mas é que parece ser uma característica do diretor trabalhar com filmes deste perfil. Vidas que se cruzam, não por acaso, ou, por acaso...seja como se acredita...
image
Amores Perros, ou Amores Brutos retrata três histórias. Três (ou mais) vidas ansiando por mudança. Com ou sem medo de decidir sobre seus destinos essas vidas tem que fazer escolhas e desejam faze las, porém há como viver sem escolher? Como, quando a vida pode ser melhor, não tentar mudar? Quando o pior parece ser a única via de nossa vida, ainda assim não deixamos de escolher. Tudo é uma questão de escolhas, e as escolhas  influenciam a vida de pessoas cuja existência se desconhece. E parece que tudo está ligado, como se um Deus já prevesse tudo e encaminhasse a vida das pessoas de tal maneira que o Destino se torna inexorável. E o Amor? Onde se encaixa o amor? Na força do desejo dessas pessoas. Aqui, desejo e amor se confundem e o primeiro parece subjugar o segundo. O irracional parece subjugar o racional. Mas é racional não querer mudar? É irracional querer mudança a qualquer preço? Existe um destino ou nossas escolhas realmente mudam o rumo de nossas vidas?
O filme tem cenas fortes de rinha de cachorro, mas é um longa brilhante no que tange a questão do Destino e da Liberdade. Ademais, é um ótimo programa para assistir entre adultos. Quem sabe não rola o assunto...

domingo, 9 de janeiro de 2011

“De A a Z”: A Festa Nunca Termina

image

título original: (24 Hour Party People)
lançamento: 2002 (Inglaterra)
direção:Michael Winterbottom
atores:Steve Coogan, Shirley Henderson, Paddy Considine, Sean Harris.
duração: 115 min
gênero: Comédia

Vocês já viram este filme? Se não, vale a pena pelo processo histórico musical que ele retrata de forma suave, melancólica e até engraçada. A história se passa em Manchester a partir da década de 70 e tem como narrador o personagem principal que é o jornalista Tony Wilson (encenado por Steve Coogan).

Manchester, 1976 e Tony Wilson (Steve Coogan) está no show dos Sex Pistols. Totalmente inspirado por esse momento-chave da história da música, ele e seus amigos montam um selo chamado Factory que tem como primeira e grande banda o Joy Division (que viria a ser o New Order), com o James e os Happy Mondays. Todo o movimento criado por Tony Wilson, de forma totalmente anarquista, culmina  no nascimento de um dos dance clubs mais famosos do mundo, o Hacienda, meca de clubbers e adeptos do psicodelismo. Descrevendo a herança musical de Manchester desde a década de 1970 até o início dos anos 90, o filme ilustra a vibração que fez de Manchester o lugar onde todos gostariam de estar, naqueles momentos, rs…

O que tem de curioso? Poucos e raros são os filmes que retratam o Punk Rock, ou mesmo as bandas alternativas destas épocas de forma tão inocente e jovial. A vitalidade, a sensação de imortalidade e o desejo desta, tudo isso retratado, e com uma trilha sonora  empolgante.

Logo no início do filme há uma fala a respeito de Ícaro, personagem da mitologia grega.

clip_image002[1]

Na mitologia grega, Ícaro, filho de Dédalo e de uma escrava de Minos, chamada Neucrata, foge do labirinto onde Minos o havia aprisionado. Querendo fugir do Minotauro, seu pai lhe fez asas de penas e cera. 
Antes de levantar vôo, o pai recomendou-lhe que mantivesse em altitude média, nem muito alto (perto do Sol, cujo calor derreteria a cera), nem muito baixo (perto do mar, cuja umidade tornaria as asas pesadas). Entretanto, no entusiasmo de poder voar, o jovem esqueceu os conselhos do pai e elevou-se tanto nos ares que perdeu as asas, precipitando-se no mar.

Será que dá pra entender o que o que ele quer dizer com isso?

De A a Z, vou contar para você!

Estou inaugurando hoje uma idéia nova, quer dizer, não sei se é uma idéia nova literalmente, mas é uma idéia nova que veio em mim e que gerou uma ação, pronto e basta!
No curso de Filosofia na Universidade onde me formei não há uma disciplina que eu tenha feito que tenha ensinado o que farei aqui. Na verdade, o que quero dizer é que não creio que eu realmente saiba fazer o que me proponho a partir de então. Aliás, nem a escola, nem a Universidade ensinam a fazer nada que não seja, ler, escrever, raciocinar de acordo e pesquisar. Cá entre nós, fazem isso muito mal por sinal, mas deixemos este assunto para outro momento, porque os que realmente sabem ler, escrever, pensar e pesquisar não precisam destas Instituições para nada. Aprenderiam certamente sem elas, mas….voltemos. Portanto, não sabendo se faço certo ou não,  não deixarei de fazer, primeiro porque é gostoso, depois porque acho extremamente útil e finalmente, pertinente aos dias de hoje. Principalmente porque desta forma clamo pelas vozes ocultas que fazem este meio de comunicação existir…clamo pela palavra, pela troca. Quero abrir um canal de comunicação com quem tenho afinidade e dialogar a partir de filmes que assisti, assisto e assistirei…Pretexto para um bom texto construido a muitas mãos. Que tal?!
image
Vamos começar?
Sempre que você ler De A a Z, eu tenho algo a contar sobre filmes e desejo escutar o que pensam sobre eles também, ….vamos nessa……Ah, aceito indicações...