Dir. Deepa Mehta
Belíssimo filme! Triste e belo! Revoltante, talvez…com uma trilha sonora magnífica e uma fotografia tão boa quanto.
O filme conta a história de uma menina (Chuyia) que aos oitos anos de idade, já é viúva. E nunca conheceu o marido, já que quando casou-se era muito pequena. De acordo com a tradição ela é enviada para a casa das viúvas, onde são obrigadas a ficar, isoladas da sociedade, até o final de suas vidas, sem que possam voltar a casar. Lá, a pequena conhece Kalyani, uma bela e jovem mulher de quem se torna amiga. Kalyani ousa desafiar as rígidas regras apaixonando-se por um jovem com quem pretende casar-se, mas a tradição, e a corrupção que a sustenta, levam a jovem para outro caminho, determinando também o destino de Chuyia.
Penso que a Cultura não é algo que se deva fixar. Qualquer tradição, embora mantenha unido um povo, um grupo, não permite o novo e se destina à morte: ou a morte de si própria ou a morte de seus seguidores que vêem-se amarrados por cordas frágeis e mortais. Tradição e autoridade só existem se nós as reconhecemos como tal, quando não, devem ser mudadas.
De acordo com o Senso de 2001, na Índia, há mais de 34 milhões de viúvas. Muitas continuam vivendo nas condições de privação social, econômica e cultural, determinadas dois mil anos atrás pelos textos sagrados hindús de Manu.
“Uma viúva deve sofrer
ser moderada e casta.
Esposa que segue a casta após a viuvez vai para o paraíso.
Uma mulher infiél renasce no útero de um chacal”
Leis de Manu, capítulo 5, versículos 156-161.
Indicado para adultos (só porque é legendado - minha filha de 9 anos assistiu e dormiu por causa disso). Vale também pela reflexão acerca da cultura e das tradições.
Lembro-me da canção do Tom Zé, Senhor Cidadão:
“Senhor cidadão, senhor cidadão, com quantos quilos de medo se faz uma tradição…senhor cidadão, senhor cidadão, a tesoura no cabelo também corta a crueldade…”
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